quinta-feira, 12 de junho de 2014

JEITINHO ( Rafael Maniçoba )

Poesia que estará no meu próximo livro!


Hídricos tatos,
Não envergonhados,
Pudores atrofiados,
Por peita dos chaveiros de ouro.

Olhos baixos,
Já desleixados;
Valores dantes, deixados,
Amarrados nas mesas das suas casas.

E os caminhos
Desérticos, desolados,
Cambiados por atalhos,
E os retirantes sem passaporte.

Poderiam os donos das arcas
Inventarem desvio do fim,
Eternizar nas bocas, seus marfins,
Não putrefar suas cadáveres?

Penam os que não escolheram,
Elaboram a grande safra;
Alheios, moldam sua massa,
Sem pão, alimentam quem nunca ceifou.

segunda-feira, 25 de março de 2013

PRIMEIRA COMUNHÃO ( Rafael Maniçoba )

Poesia que fará parte do meu novo livro!

A mesa repleta de domingo,
Um sol matinal de dezembro,
Os ventos nas leves batinas,
Os bordados nos vestidos das meninas
E nas alvas fitas dos cabelos.

O iluminar das candeias nas pálpebras,
Os castiçais de prata, os cibórios dourados,
O anseio do pão nunca saboreado
Exalava no altar transubstanciado,
E o facho de luz que atravessava os vitrais.

Um adeus à professorinha,
Que nos incitava a perdoar,
Mas restou a todos um ceticismo,
Do que falara no catecismo,
Descemos do altar, e a vida nos tornou grandes demais.

CASA ABANDONADA ( Francisco Bugalho )


Minha saudade não larga
Certa casa abandonada.
E sinto, na boca, amarga,
Essa lágrima chorada
Quando a deixei...

Caía, de leve, a tarde...
E, olhando para trás, vi
Aquela porta fechada.

Nesse momento, senti
Pesar-me a fatalidade
De toda a Vida passada.

Arde
Ainda, nos meus olhos,
A luz do sol que brilhava
Na janela.
Era uma luz amarela;
Uma luz de fim da tarde
Que ainda trago nos olhos...

Ficava ali,
Por detrás da porta verde,
Tudo o que a vida nos perde,
Enquanto nos vai gastando...

E triste e só me parti;
Quem sabe que outros Destinos,
Dolorosos ou divinos,
Procurando...

CASA DA VOVÓ ( Ana Canéo )


Chega de tanta injustiça
de castigo e confusão!
Vou pra casa da vovó,
não tem outra solução!

Estou mesmo decidido
e pra sempre eu me mudo.
Aqui eu não posso nada
e por lá eu posso tudo!

Posso comer chocolate,
posso até me empanturrar.
Posso comer sobremesa
até antes do jantar.

Mesmo que eu faça bagunça,
vovó não briga comigo.
Se eu beliscar o irmãozinho,
vovó não me põe de castigo!

Vou fazer a minha mala,
meu carrinho eu vou levar.
Vou levar o meu cachorro
e o meu jogo de armar.

Vou levar meu travesseiro,
levo também meu pião,
pego os meus livros de história
e o meu time de botão.

Levo as coisas que eu gosto,
pra ter tudo sempre a mão:
levo também o papai,
a mamãe e o meu irmão!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A ARTE PELA ARTE

A forma e nem sempre o sentido da poesia, as rimas raras, as frases rebuscadas. Poesia que fala de poesia. Essas são algumas características do movimento literário surgido na França na metade do século XIX; chamado Parnasianismo. NO Brasil, até 1922, predominava na Literatura poesias parnasianas, mas com a Semana da Arte Moderna, iniciou-se um novo estilo de escrita. Temos nomes como: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Luís Delfino, entre outros.

PROFISSÃO DE FÉ ( Olavo Bilac )

Não quero o Zeus Capitolino
Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo.

Que outro - não eu! - a pedra corte
Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte
Descomunal.


Mais que esse vulto extraordinário,
Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário
De fino artista.
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor(...)
(...)Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.(...)

MOMENTO CLARICE

Modernista, contista, poetisa, mulher...
Há Momentos ( Clarice Lispector )
Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.
"Leia o texto abaixo e depois leia de baixo para cima" ( Clarice Lispector ) Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
Pertencer ( Clarice Lispector ) "Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos."
"Abro o jogo! ( Clarice Lispector ) Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza. Há verdades que nem a Deus eu contei. E nem a mim mesma. Sou um segredo fechado a sete chaves. Por favor me poupem".

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Este é meu primeiro livro, lançado em 2011. É uma antologia dos momentos da minha vida. Muitas poesias e crônicas publicadas foram escritas dos 14 anos até o momento da publicação.
Para adquirir: LIVRARIA E CAFETERIA CASA CAFÉ. AV. Rui Barbosa, Nº 574. Garanhuns - PE. Ou entre em contato: rafaelmanicoba@hotmail.