sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A ARTE PELA ARTE

A forma e nem sempre o sentido da poesia, as rimas raras, as frases rebuscadas. Poesia que fala de poesia. Essas são algumas características do movimento literário surgido na França na metade do século XIX; chamado Parnasianismo. NO Brasil, até 1922, predominava na Literatura poesias parnasianas, mas com a Semana da Arte Moderna, iniciou-se um novo estilo de escrita. Temos nomes como: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Luís Delfino, entre outros.

PROFISSÃO DE FÉ ( Olavo Bilac )

Não quero o Zeus Capitolino
Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo.

Que outro - não eu! - a pedra corte
Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte
Descomunal.


Mais que esse vulto extraordinário,
Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário
De fino artista.
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor(...)
(...)Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.(...)

MOMENTO CLARICE

Modernista, contista, poetisa, mulher...
Há Momentos ( Clarice Lispector )
Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.
"Leia o texto abaixo e depois leia de baixo para cima" ( Clarice Lispector ) Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
Pertencer ( Clarice Lispector ) "Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos."
"Abro o jogo! ( Clarice Lispector ) Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza. Há verdades que nem a Deus eu contei. E nem a mim mesma. Sou um segredo fechado a sete chaves. Por favor me poupem".

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Este é meu primeiro livro, lançado em 2011. É uma antologia dos momentos da minha vida. Muitas poesias e crônicas publicadas foram escritas dos 14 anos até o momento da publicação.
Para adquirir: LIVRARIA E CAFETERIA CASA CAFÉ. AV. Rui Barbosa, Nº 574. Garanhuns - PE. Ou entre em contato: rafaelmanicoba@hotmail.

domingo, 11 de novembro de 2012

POESIA QUE VEM DO FUNDO DA ALMA

( QUANTAS VEZES TRACEI O TEU NOME ). Não sei se é o título da poesia,não sei de quem é a autoria, mas acho uma poesia fantástica. Pelo que me parece é uma moda bem antiga, cantada... Será que se perdeu no tempo? Conheci esta poesia assistindo a um vídeo no youtube, recitada por uma conterrânea minha, da Cidade de Floresta, sertão de Pernambuco. Trata-se de Dona Herundina de Souza Ferraz. Morreu aos 100 anos em 2007. Não tive a oportunidade de conhece-la. Somente através da internet que a ouvi, como ela falava de coração! Transparece sentimento em cada palavra que ecoa. Dona Herundina aprendeu essas poesias com o pai. Num tempo áureo em que Floresta era conhecida como a " Atenas sertaneja".

QUANTAS VEZES TRACEI O TEU NOME

Quantas vezes tracei o teu nome
Na alva areia das praias do mar,
Mas as águas talvez por ciúme
Vêm apressadas e o seu nome apagar.

Escrevi-o nas pétalas de um lírio
Dolorosos com ternos afagos,
E depois ao voltar para casa
A encontrei às abelhas de um lago.

Escrevi-o em um tronco rigoso
De uma velha mangueira acampada,
E depois ao voltar para casa
Encontrei lá no chão derrubada.

E depois convencido que o tempo
Até no mármore as letras consomem,
Escrevi com o punhal da saudade
No íntimo do peito teu nome.

( Autor desconhecido )

Florestana, filha de Serafim Rufino de Souza Ferraz(1871-1968) e de Maria Adélia de Souza Ferraz(1879-1973), nascida em 17/11/1905 e falecida em 16/05/2006, aos 100 anos. Neste video, de julho de 2002 ela aos 96 anos de vida, a pedido de sua filha, Maria do Rosário, declama poesias e "quadrinhas", algumas ensinadas por seu pai, ainda quando criança, emocionando-se.

UMA PAUSA NA ESTRADA

( do meu livro: ALÉM DO QUE VEMOS ) )
Rústica era a paisagem.
Retratos de anos passados,
Um ambiente regado a velas,
Meio escuro, vozes confundíveis;
Na parede: Viva Las Vegas!

E entre conflitos e alegrias
Um olhar clareia a noite,
Marcado pelo destino o ocorrido?
Sufoquei meu passado de desejo,
Seu olhar, há muitos anos já perdido.

RAFAEL MANIÇOBA

AMOR DE INVERNO

( do meu livro: ALÉM DO QUE VEMOS )
Mas aquela aventura não me aqueceu,
Procurava ventura, um sol...
Nos seus braços avistava uma paixão,
Apenas avistei;
Deparei-me com miragem na estrada.
E aquele amor que desejei
Ficou no frio deste inverno.
Queria levar para outras estações
Esse amor que almejei,
Mas na neblina nos perdemos
E sozinho segui
Buscando uma luz no horizonte nublado.

RAFAEL MANIÇOBA

A VOLTA

( do meu livro: ALÉM DO QUE VEMOS )
Hoje amanheceu. 2003.
Estranho tempo, anacrônico talvez.
O tempo retorna à oito anos passados,
Alguns ressurgem, outros adormecem...

Mas o espelho desfaz ilusório calendário,
O tempo prosseguiu
E o que refletiu não abraçou meu corpo.
É estranho que o tempo volte,
O tempo...!
Onde olhava para oito invernos adiante
E tudo era claro,
Como uma manhã no litoral.

RAFAEL MANIÇOBA

A ÁRVORE DO PAJEÚ

( do meu livro: ALÉM DO QUE VEMOS )
No paço da capela antiga,
Contra o tempo e a existência,
Meus olhos ressurgem numa tarde;
Ao cair do sol sereno
No cruzeiro se fita,
Em um silencio se aflige
Numa nostalgia transbordada.
Nesse passado cortejo
Aquelas moças com seus vestidos floridos,
Nas procissões cheias de fé
A acompanhar e a reverenciar
O andor do Bom Jesus dos aflitos.
Aqueles pirotécnicos a enfeitar
A noite, a alegria...
De um povo a entoar uma canção
Cheios de esperança, de vigor...
Naquele chão de sertão.
Mas um cheiro me acordou
Nessa noite que brotou
As flores novas nos tamarindos
E na realidade me vejo,
O sonho passou...
Tal qual aquele tamarindo frondoso
Enraizado nesse chão tão querido
Habitará um dia meu coração,
Tranquilo, sereno...
Nesse chão de sertão.


RAFAEL MANIÇOBA

POEMA DE UM COMEÇO DE NOITE

(do meu livro Além do Que Vemos )

Hoje amanheci no Japão,
Brasileiro nato;
De Byron, descendente, fato!
As noites britânicas presentes em mim.

O sol já amarelado
Beijava-me meio tristonho,
Repetia o coração: “vivo um sonho?”
Atordoado num barulho de cidade.

Afogo-me nesse berço de noite,
Nesse mar de palavras que jorram
Como uma represa saciada, forja
Uma calmaria, um lindo lago azul.

Tudo é calmo e sereno,
O vento adormeceu,
Nessas horas por mim se compadeceu,
A noite parece chorar minhas dores!

RAFAEL MANIÇOBA

EGO

( do meu livo Além do que Vemos )

As horas já mortas não acenam para hoje,
Era tudo surreal quando os olhares de outrem pareciam desviados.
As águas novas me conduziam
E as rochosas costeiras, nem avistava.
Mas nas águas da alta noite flutua,
Os lugares seguros talvez parecem solitários.
Mesmo sepultando algo porvir,
As noites de neblinas são alegres:
Nelas, os corações não obedecem a vida.

RAFAEL MANIÇOBA

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SOLO SOLITÁRIO

( do meu livro Além do Que Vemos )
Foi ao som de Frédéric Chopin
E do tule branco que o vento trazia.
Nele, o cheiro verde da noite.
A poeira era última
Trazida da janela.
As pequenas bailarinas da música
Rodavam devagar
No vento calmo,
Da noite calma...
Nas notas musicais que pareciam dançar
Entre o claro lúster da sala.
E os corvos lá fora
Se renderam a esse encanto,
Não mais cantavam para a lua
Nem para a última senhora que dobrava a esquina.
Parecem ter entendido os tons:
Noturnas eram as horas,
“NOTURNO”, naquela sala solitária.
RAFAEL MANIÇOBA

A CARAVELA PERDIDA

( do meu livro: Além do Que Vemos )
Não que não tenha aspirado
Banhar-me na ilha verdejante.
Subir ao monte, alpinista bravo;
Ouvir a noite, o mar murmurante.
Eis amarelada, novas velas,
Pelo sol que brilhe ou ao luar.
Vai sendo levada, guiada pelo vento.
Foi alva, nesses mares a flutuar.
É lindo o alvorecer no alto mar,
Onde o céu ondula com meus passos.
Ver o céu estrelado, um infinito...
Que das águas avisto, num espelho, os astros.
Mas, não morrerei ainda na praia.
Submergida longe, caravela perdida;
Sonharei com as bromélias, as cachoeiras...
Velarei ao longe a sonhada ilha.
RAFAEL MANIÇOBA

VISITA A CASA PATERNA

( Luís Guimarães Júnior )
Como a ave que volta ao ninho antigo,
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.
Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma talvez do amor materno,
Tomou-me as mãos, - olhou-me, grave e terno,
E, passo a passo, caminhou comigo.
Era esta sala... (Oh! se me lembro! e quanto!)
Em que da luz noturna à claridade,
minhas irmãs e minha mãe... O pranto
Jorrou-me em ondas... Resistir quem há de?
Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade.
Rio - 1876.