quarta-feira, 31 de outubro de 2012

NO IMENSO SILÊNCIO

(Do meu livro " Além do que Vemos ". Rafael Maniçoba)
Numa chuvosa Sexta-Feira da paixão
Aquele anjo quieto olhava para o céu cinzento,
Entre flores secas esquecidas.
Talvez pelos anos num semblante único
Tentasse fugir desse oceano morto.
Pobre anjo de face triste,
Com as mãos reverentes no alto;
Talvez suplica glória para um ido sozinho,
Talvez chora a dor de um esquecido.
No silencio, uma sinfonia ecoa;
Os anjos de harpa, sozinhos, entoam
Uma melodia para os jazigos fulgurantes.
E o pobre anjo de cabelos curtos,
De cor única e apagada,
Durante anos guarda as sombras internas
Sob a forma de quem quer levantar vôo
E nunca mais retornar
Na quieta cidade do silêncio profundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário