sexta-feira, 26 de outubro de 2012

UM LUGARZINHO NO MEIO DO MUNDO ( do meu livro Além do que Vemos )

Rodopiam as folhas secas.
Da janela, um ninar já nem esperado;
Desses que alegra de longe a cachoeira,
Nossas flores, a nossa casa, a trepadeira.
Esses vales e montes que habitam essa janela de sonho.
Seu olhar entre as flores da janela
Se confunde ao viver, a estrada cinzenta.
Uiva o telhado, as árvores lá fora
Mas finda-se março, embora,
O céu ainda não celebre o canto dos pássaros.
Brilham seus olhos na estrada longa e molhada,
Na neblina alegram-se.
Surge minha figura de relva, no escuro diurno na ladeira.
O pão, o vinho, as canções na lareira.
Esse é o mundo, não existe outro.
Nesses vales e serras floridas
Surgem saudades de um solo branco.
Nasceu o império dos lírios, flores no jardim,
Exalam as arrudas, os jasmins.
Dê-me a mão, vamos embora para a primavera.
Rafael Maniçoba

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